domingo, 16 de maio de 2010

A importância do voto do presidiário.

O maior exemplo de exercício da democracia e cidadania é o ato de votar. Escolher aquele representante que melhor trate dos interesses da sociedade, de determinada classe de trabalhadores e por aí vai.
É notório que os candidatos quando vêem próxima a data das eleições se empenham em conseguir votos e para tanto vão até onde Judas perdeu as botas, e depois, nunca mais voltam a esses lugares ou nem chegam a cumprir 1/3 (sendo otimista) do prometido em campanha. Mas isso é assunto pra outro momento.
O fato é que, quando temos direito a voto estamos munidos de poder, digamos que determinada parcela de cidadãos como os que vivem nos morros, quando conhecem determinada proposta de melhorias para sua comunidade de determinado candidato, com certeza irão olhar com bons olhos a ele e muito provavelmente votar neste camarada. Esse poder de voto da população é que move as viagens e discursos por todos os lados em véspera de eleição e promessas vagas, mas ao menos cria-se uma esperança nelas.
O fato de o preso definitivo não poder votar de certo modo o deixa à margem da sociedade, não obtendo nem mesmo esperança de melhorias para a sua vida em cárcere, que como sabemos, não chega nem perto de ser digna.
É sabido também que a manutenção e direção das penitenciárias do País é de responsabilidade do Estado, e quem mais importante nessa função do que aqueles que elegemos? 
Portanto, por lógica, é necessária a inclusão dos presos ao direito ao voto, não somente para o exercício destes à cidadania e para a obtenção de melhorias a estes. Não. É um investimento para toda a sociedade em busca de paz social. 
A prisão, que teoricamente tem a função de ressocializar, reeducar e inserir novamente aqueles que cometeram delitos à sociedade, não chega nem perto disto. Cada vez mais criminalizadoras e que muitos dizem que deixam o preso ainda pior, está longe de reeducar alguém.
Com o direito ao voto os políticos para alcançar esta classe teriam que ter proposta para estes e aí sim alguma diferença fariam na vida de todos, e quem sabe realizariam a hoje utópica ideia de ressocialização.

Michel Foucault (1977, p. 235):                                                                                                                    
"Desde o começo a prisão devia ser um instrumento tão aperfeiçoado quanto à escola, a caserna ou o hospital, e agir com precisão sobre os indivíduos. O fracasso foi imediato e registrado quase ao mesmo tempo que o próprio projeto. Desde 1820 se constata que a prisão, longe de transformar os criminosos em gente honesta, serve apenas para afundá-los ainda mais na criminalidade. A prisão fabrica delinquentes, mas os delinquentes são úteis tanto no domínio económico como no político. Os delinquentes servem para alguma coisa". 


Kamila Michiko Teischmann.

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